sábado, 20 de abril de 2019

1969 e 2021 - Gravuras e bordados criados entre 1969 e 2021 - Reflexão sobre diferentes momentos na arte: Alinhavando o tempo de Heloisa Pires Ferreira

Reflexão: Alinhavando o tempo de Heloisa Pires Ferreira sobre o convívio de mais de 50 anos com
Gravuras e Bordados Criadores

     “Mais de 50 anos de gravura de Heloisa Pires Ferreira”, que são as minhas gravuras: estão compostas de cinco blocos: Gravuras feitas entre 1969 e 1977, entre 1978 e 1982, entre 1983 e 1989, entre 1990 e 1997, entre 1998 e 2021...

            A primeira fase consta de labirintos e pássaros 
em busca de um ponto. (69 a 77).

                                                              
Elétrico I - Gravura em metal: águas forte e tinta    
 1972 - 0,15 x 0,20 cm                    Foto: Henri Stahl
 
ELabirinto marrom/preto - Gravura em metal: Águas tinta e forte - 1972 - 0,20 x 0,15cm      Foto: Henri Stahl
 
Elétrico II - Gravura em metal:  2 chapas - águas tinta e forte - 1972 - 0,25 x 0,19cm
 Foto: Henri Stahl
Elétrico III - Gravura em metal: águas tinta e forte  1973 - 0,35 x 0,20 cm      Foto: Henri Stahl  
 
 
 Labirinto ocre/marrom - gravura em metal: águas tinta e forte - 1973 - 0,29x0,35      Foto: Henri Stahl  



Labirinto Verde - Gravura em metal: águas tinta e forte - 1973 - 0,27 x 0,31 Foto: Hemri Stahl
         
 
Labirinto Ocre/Verde - Gravur em metal: águas tinta e forte - 1973 - 0,27 x 0,31 - Foto: Henri Stahl




 
 
 
 
 
 
Tapete - 1974
 

Tapete - 1974
Pássaro folha - Gravura em metal: águas tinta e forte -1973 - 0,29 x 0,38

                                                                     Foto: Henri Stahl



Pássaro preso - Gravura em metal: águas tinta e forte
 - 1974 - 0,30 x 0,43              Foto: Henri Stahl



Liberdade - Graura em metal:águas tinta e forte - 1974 - 0,32 x 0,38
                                                                                    Foto: Henri Stahl


Pássaro preto - Gravura em metal: águas tinta e forte - 1974 - 0,30 x 0,40

                                                                                                                  Foto: Henri Stahl


Pássaro flecha - Gravura em metal: águas tinta e forte - 1974
0,30 x 0,40                      
                                                                                               Foto: Henri Stahl
 
 


Pássaro ovo - \gravura em metal: águas tinta e forte1974 - 0,47 x 0,41

                                                                                                                            Foto: Henri Stahl

Dois pássaros / sol - Gravura em metal: águas tinta e forte 1975 
 0,31 x 0,48                                                 Foto: Henri Stahl 




Pavão Prata - Gravura em metal: ponta seca, águas tinta e forte - 1975  0,51 x 0,49                             
                                                                                          Foto: Henri Stahl




Pavãozinho - Gravura em metal:Ponta seca,  águas tinta e forte -1975  0,54 x 0,46                     
                                                                                                    Foto: Henri Stahl




Ressurreição - Gravura em metal: ponta seca,  águas tinta e forte - 1976  0,32 x 0,36                                 
                                                                                                                       Foto: Henri Stahl




 
      Olho - Gravura em metal 1976 -                                         Foto: Henri Stahl
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pavãozinho                               Foto: Henri Stahl
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A segunda fase o ponto se transforma em sóis; ora sozinhos, ora junto com pássaros e ora somente pássaros  (78 a 82).
Sol com Galho - Gravura em metal: águas tinta e forte - 1978 - 0,39 x 0,39
        O terceiro momento da minha obra, chora a morte da América Latina através de seus mapas.(83 a 89).
O quarto período de trabalho são sóis e estados brasileiros em momentos de esperança e alegria.  (90 a 97).
        No estado atual das gravuras encontramos constelações, meteoros, nebulosas ou detalhes do sistema solar e ora surgindo um mapa e ora outro.(98 a 2019).

        Iniciei meus trabalhos de arte em Santa Teresa , com minha mãe Henriqueta Sanmartin, na Lagoinha, aonde morei praticamente a vida inteira.  Desenhava, pintava, bordava e freqüentava museus e a casa dos amigos Maria Lucia Luz, Osmar Fonseca e Rogério Luz.  Todos artistas plásticos.   Deles recebi grandes incentivos pelo convívio quase diário de vizinhos.
        Quando comecei a fazer Xilogravura, com José Altino, na Escolinha de Arte do Brasil, em 1969, abriu-se um mundo em minha vida.  O gravar, o cravar, o machucar a madeira, dar-lhe uma nova forma de vida e até poder possuir cópias dessa matriz, me possibilitou receber novas riquezas em minha vida.
        Por José Altino fui levada à Marília Rodrigues que percebeu nos meus traços afinidade com o metal.
        Nesses cinquenta anos de gravura, o ato de gravar me possibilita falar dessa vivência cheia de reticências. É um processo de criação com idas e vindas, caminhos e descaminhos.  É uma constante descoberta.
        Posso dizer que vejo um percurso que sempre andou em busca de um ponto.
        O ponto iniciou-se perdido em “elétricos” e passeou pelo espaço contracenando com galhos, pássaros, círculos e encaminhou-se em direção ao firmamento.  Andou por toda América Latina e estados brasileiros; ora liricamente, ora chorando o sofrimento desta América dividida, retalhada, partida e ate mesmo devastada pelo poder.
        Atualmente brinco com astros, que se reparte, estilhaçam-se e se embrulha com movimentos em tons e cores. No centro de todo meu trabalho está o sol.  O sol que ilumina a vida. A vida é o próprio universo-(multi)verso).  Ecossistema onde estão envolvidas formas diversas, poéticas de vida. De ser, do Ser que é a Energia Criadora.
        Vejo uma necessidade nesta busca de encontrar o meu equilíbrio interior, pois sempre procuro falar dos meus sentimentos no que executo.
        A arte humaniza-me e serve-me para desvendar as barreiras que me impedem de ver a realidade plena do que atrapalha ou turva a minha visão.
        Preciso da intimidade dos elementos da natureza como forma catalisadora de subsídios que me permitem poder crescer e expressar-me.
        O convívio com o Bordado Criador diàriamente, a Meditação, a Concentração, a Interpretação de Sonhos, o I Ching, os Contos de Fadas, a Yoga, o Extra-Sensorial, a terra, a horta, o plantio de árvores, a Magia, a Radiestesia, a Bioeletrografia (Foto Kirlian), a Teosofia, o Tarô, as Runas, a alimentação Viva, a Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast) e há 11 anos, convivendo, duas vezes ao dia com a Meditação Vipassana são  caminhos que me levem ao encontro do meu Eu Interior, da minha Energia Interna, que me acordam quase que diariamente, para outras formas de convívio com o terrestre.
        Esses elementos riquíssimos me ajudam a dar forma a fala metafísica e a desembaralhar os meandros finíssimos que diferenciam o pensamento da natureza.
        Expressar em linguagem o que a natureza esbanja em todos os sentidos e níveis na harmonia do visível e invisível é a minha meta.  E é neste não visto que vou encontrar a fonte de inspiração para poder dizer visualmente deste mundo real que não é visto.
O meu trabalho não são meras representações estéticas para serem olhadas ou enfeitadas nos ambientes.
        São gritos que buscam se harmonizar e arrancar do caos uma fala que encontre eco nas angústias, torturas, desavenças e incompreensões.  Limpando e clareando os espaços internos e abrindo a visão a outros planos da alma.
        O desequilíbrio tem vez. Até é reverenciado porque neles podemos achar as cordas para tecer os campos de ação.  Permitindo à alma perambular por todos os cantos que seja preciso e trazendo um novo olhar ao que se quer falar.  
        A fonte de inspiração é o trabalho incessante de esvaziamento de conceitos e fórmulas conhecidas e uma busca dos sentimentos arcaicos que falarão dentro do grande silêncio do homem consigo mesmo.
        Quero dizer que todos os momentos servem para devaneios e absorção de novos meios de expressão.
        Falar visualmente é mais fácil que verbalmente.  Os encantos de uma grande dor podem ser a causadora de sofridos e belos esboços.  O sofrimento de uma alegria pode ser a decepção de um rabisco estereotipado.
        Os meandros que separam uma verdade da outra qual será?  O que é festa?  O que é tristeza?  O que é alegria?  Aonde encontrar-se? Aonde ir se é preciso ser?  Trabalhando o ir-se e transformando-o em penetrar, invadir sentimentos, arrebentar medos, arrancar dobradiças e mergulhar no grande silêncio em sons, sombras, cores formas e apanhar os tesouros infinitos que me são ofertados pela vida. Pois em torno, no espaço infinito cintilam-flutuam estrelas, formas geometrizantes.   Pedras preciosas, planos e dimensões da existência.
        Cada forma de vida, por mais simples que seja, é uma pedra preciosa-estrela, que precisa brilhar para iluminar a si mesma e aos demais em uma interdependência cósmica. 
        Em cada lado, pássaros esvoaçam plumagens, penugens, sugerindo alegria, felicidade, paz.  Dois pássaros, os dois lados de todos nós. O lado interior e o lado exterior.
        Vento, sopro, respirar.  Ar puro.
        Mas...  O que é gravura?  Como gravar? É todo material que você machucou, arranhou, marcou, esculpiu e que posteriormente possa imprimi-lo num suporte.
        A matriz pode ser de madeira, linóleo, eucatex, pedra, cobre, latão, ferro, papelão e outros materiais.
        A matriz é a reprodutora de imagens quando recebe um tratamento específico para a técnica.  Permitindo cópias em positivo ou negativo da imagem no suporte de papel, pano, papiro ou outros.
        A gravura pode ser feita diretamente no metal com ponta seca, com buril, roulet ou berceau e outras ferramentas de incisão.
        As gravuras em ácido e com diferentes tipos de mordeduras são feitas para se conseguir resultados na impressão do cobre, latão ou outros materiais.
        Para se conseguir gravar os desenhos, rabiscos, traços, linhas que se queira, coloca-se uma camada uniforme de verniz sobre a chapa e com isso conseguiremos fazer uma água forte.
        Uma água tinta é obtida com breu, sal ou lixa que trabalhadas poderão permitir que se consiga texturas delicadas ou não, mas que com a ação do ácido marcarão o metal.
        A impressão só poderá ser feita caso haja texturas, linhas, sulcos, machucados, rasuras em que a tinta possa penetrar e que sobre um papel previamente umedecido e sobre a pressão de dois rolos passados numa prensa se consiga obter a imagem gravada na matriz reprodutora no suporte.
Cabe à imaginação do gravador obter outros recursos para gravar na matriz as imagens que se pretende obter no suporte que é chamado de Gravura em Metal, Xilogravura, Litografia ou Serigrafia.                               .                                                                 
                              
Heloisa Pires Ferreira


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