terça-feira, 26 de julho de 2022

2022 - Mulheres Artistas no Museu do Ingá - MHERJ - Direção de Vivian Fava - Reflexão de Heloisa Pires Ferreira sobre sua vivencia no Ingá - Apresentação da exposição por Ricardo Queiroz e Isis Braga

 

Constelação - Gravura em metal e xilogravura - 1992 - 0,49 x 0,50cm 

exposta no Museu do Ingá

                     * Heloisa Pires Ferreira

Reflexão sobre a minha vivência na Oficina de Gravura do Ingá, no Museu História e Artes do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói - MHAERJ

Anna Letycia ao criar em 1977, a Oficina do Ingá, convidou Mario d’Oglio, que havia dirigido por 30 anos os trabalhos de gravação da Casa da Moeda, para dar aulas de buril na Oficina recém criada.

Assim comecei a trabalhar a minha ferramenta que ganhei de Monica Barbosa, também gravadora e que chegava de Paris aonde frequentou por alguns anos, diferentes ateliers de gravura, mas que não tinha tido a oportunidade de usar esse instrumento raro para todos nos. Trabalhei o instrumento com Mario D'Óglio.

Participei de algumas exposições coletivas junto com alunos e professores  pelos anos e agora em 2022 nessa exposição “Mulheres Artistas do Museu do Ingá”. Ricardo Queiroz substitui Anna Letycia na Coordenação da Oficina, quando na sua aposentadoria em 1998 e ali permanece até hoje dirigindo os trabalhos. Ricardo Queiroz junto com Isis Braga e José Roberto Gifford faz a apresentação da exposição

Só tenho lembranças queridas e de grande enriquecimento para minha gravura esses anos que lá trabalhei.  Frequentei o Ingá até final de 1978, quando ganhei, por indicação de Anna Letycia, uma bolsa de estudos e de viagem para Portugal e Espanha, oferecida pela Fundação Calouste Gunbenkian a Oficina de Gravura do Ingá.

                                                                                            * Heloisa Pires Ferreira

 

2022 - A Arte de Gravar : Mulheres Artistas na Oficina de Gravura do Ingá


 

Imagens gravadas em ponta seca - do Museu do Ingá - Gravura em Metal de autoria de Anna Letycia - 1977
 

                                   *Ricardo Queiroz 

Mulheres da Gravura

Há 44 anos, a oficina de Gravura do Museu de História e Artes do Estado do Rio de Janeiro é frequentada por artistas, muitas vezes praticantes de outras linguagens plásticas, que encontraram no Ingá um lugar de excelência. É aqui que elas conseguem expressar emoções, criatividade e o amor pela arte da gravura, sentimento este priorizado pela primeira coordenadora Anna Letycia Quadros. Ela projetou uma oficina prioritariamente para gravura em metal, porém aberta a todas as técnicas, sendo assim, o gravador encontrava seu próprio caminho.  Uma oficina onde a liberdade, a troca, a experimentação e a amizade entre artistas, alunos e professores estão sempre presentes.

    Dando continuidade ao projeto do Museu do Ingá “Múltiplos Olhares: Mulheres Artistas nas Coleções FUNARJ”, esta exposição pretende divulgar a pluralidade e diversidade de técnicas das gravadoras.  De forma muito particular, a oficina possibilitou que estas artistas pudessem experimentar as diversas abordagens de novos temas na gravura para expressar seu pensamento de forma livre. E, por possuir, também, um caráter técnico formativo, em torno dela vão surgindo carreiras de sucesso, exposições originais e novos talentos. Nesta coletiva, veremos a produção artística de algumas das Mulheres da Gravura durante quatro décadas.

                                                                                                                    *Ricardo Queiroz

                                Curador e Coordenador da Oficina de Gravura do Museu do Ingá

Oficina de Gravura do Ingá - 1978 - Convite da exposição "Um Ano de Trabalho".

A arte de gravar: mulheres artistas na Oficina de Gravura do Ingá

O modernismo e as bienais impulsionaram a atuação das mulheres na arte brasileira. Foram contribuições importantes para as artistas em comparação com os desafios enfrentados por aquelas que as antecederam. Parte delas foram tratadas como amadoras e se confrontaram com as resistências e as restrições do sistema de formação do século XIX. Outras ficaram conhecidas como pioneiras, por abrirem os caminhos na academia e por apresentarem novas possibilidades de expressão.

Outro impulso fundamental foi a criação dos ateliês de gravura na segunda metade do século XX, possibilitando a expressão artística e democrática em espaços abertos para as experimentações. A Oficina de Gravura do Ingá foi criada nesse período, sempre estimulando a participação feminina, tanto na função de ensinar como na de aprender. Desde sua fase experimental, em 1977, até 1998, esteve sob a coordenação e a liderança de Anna Letycia Quadros, que emprestou seu conhecimento, técnica e prestígio ao projeto.

A Oficina de Gravura do Ingá foi criada como ateliê livre, de forma a recuperar o modelo inicial da que existiu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e que perdera essa caraterística em 1969, diante das transformações e rupturas operadas que culminaram com seu fechamento em 1974. Oriundas daquele espaço, muitas artistas abraçaram a iniciativa da então Femurj, atual Funarj, e foram atuantes na produção e na partilha da arte de gravar, possibilitando o surgimento de uma nova geração de gravadores e sua consequente inserção no sistema de arte brasileira. Conforme afirmou Marcus Lontra, em 1986, na Tribuna da Imprensa, geração que produziu “obras que uniam a disciplina a artesania típica dos gravadores à liberdade e ousadia que caracterizam as experiências estéticas dos anos 80”. 

Sempre democrática em sua trajetória, a oficina prioriza promover a troca de experiências e de conhecimentos, além de proporcionar o pleno exercício criativo, de múltiplos pontos de vista e técnicas. Dessa forma, podemos afirmar que é uma experiência exitosa, motivo pelo qual buscamos ampliar esse potencial apresentando uma seleção de obras que demonstram sua relevância feminina. Afinal, esta mostra dialoga e complementa com outras obras que podem ser vistas em “Múltiplos olhares: mulheres artistas nas coleções da FUNARJ”.

José Roberto Gifford

Presidente da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro - FUNARJ

"Um Ano de Trabalho" - participantes da exposição -1978

                                           * ISIS BRAGA

O Museu de História e Artes do Estado do Rio de Janeiro, confirmando sua vocação de difusor de cultura  e memória, exibe exposição dedicada às mulheres que frequentaram ou frequentam a Oficina de Gravura do Museu do Ingá, como ela é conhecida.

    O impacto causado em mim no primeiro dia de seu funcionamento foi enorme, pois nem na Suíça eu tinha visto um ateliê tão bem instalado! Anna Letycia foi a idealizadora e primeira coordenadora, cargo que passou a Ricardo Queiroz após sua aposentadoria em 1998.

    Muitas entre nós já traziam algum conhecimento da gravura, porém a maior parte iniciou o seu aprendizado na oficina. No meu caso eu fui, alternadamente, aluna do Curso Livre, ou professora da técnica de buril, o que me trouxe uma boa experiência profissional.

    Eu tenho certeza que todas as mulheres que passaram pela Oficina de Gravura do Ingá, são unânimes em afirmar o quanto receberam em benefícios por participar do ambiente, das orientações e das exposições. 

                                                                                        *Isis Braga,  gravadora.                                                   Membro da ABCA/Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

 "Oficina de Gravura : Um Ano de Trabalho" - 1978 - Convite da exposição  no MHERJ

Gravuras de Heloisa Pires Ferreira e de Isis Braga em exposição na coletiva em 2022: Mulheres Artista no Museu do Ingá.
 
 Nebulosa III - 2001 -
Gravura em Metal: água tinta e buril - 0,40 x 0,30                Foto: Rubem Seabra
         
 
                  *Heloisa Pires Ferreira
 
Frequentei a Oficina de Gravura do Ingá de 1977 a 1979. Foi uma parte importante na minha vida.  Eu era uma pessoa atraída pela arte e fascinada pelos possibilidades técnicas da gravura, e no Ingá  pude conviver com gravadores e artistas maravilhosos.
As boas instalações e o ambiente intelectualmente aberto às diferentes tendências atraiam mitos artistas, que ali produziam de maneira carinhosa e alegre, receptivos às novas ideias.  
                                    *  Em 1978 Heloisa recebe pela Oficina de Gravura do Ingá Bolsa de Viagem e Estudos na Cooperativa de Gravadores Portugueses através da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Portugal.


 Nebulosa III - 2001 - Gravura em Metal: água tinta e buril - 0,40 x 0,30                Foto: Rubem Seabra

Catálogo;  25 Ano de Gravura no Ingá - 2002
Passaram pelo Ingá 170 alunos.
 
 

 
 
 

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