terça-feira, 23 de maio de 2023

2000 - Investigação: A Gravura Brasileira - Gravura Arte Brasileira Século XX - Co-edição Cosac & Naify - Itaú Cultural - 2000 - Heloisa ilustra a capa do livro; O Despertar do Gênio Brasileiro de Vania Pinheiro Chaves ;

Exposição Investigação: A Gravura    Brasileira - Itaú Cultural

 


            25/11/2000  a 18/02/2001

                 86 participantes

        Av Paulista, 149 São Paulo, SP

 

 

              Na exposição 10 gravuras de 

                   Heloisa Pires Ferreira


 

 

 

          Heloisa Pires Ferreira*

        Teresópolis, RJ 1943 

Estuda xilogravura com José Altino, de 1969 a 1971, desenho com Zaluar, gravura em metal com Marília Rodrigues, entre 1972 e 1976, e com Anna Letycia e Mario Dóglio, em 1978 na  Oficina de Gravura de Gravura do Ingá, em Niterói. Dê 1969 a 1972, leciona na Escolinha de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro. Com bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian viaja em 1978 para Espanha e Portugal onde frequenta a Cooperativa de Gravadores Portugueses.  Em 1983, é convidada especial do II Encontro de Animadores Culturais, em Monaga (Venezuela).  No mesmo ano, assessora a montagem da Oficina de Gravura Sesc Tijuca, no Rio, que coordena e onde também leciona entre 1874 e 1999.  Participa do projeto e da organização do livro Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos.  Entre as exposições que participa destacam-se Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1974 e 1975; Bienal de San Juan del Grabado Latinoamericano y del Caribe,  San Juan, de 1977 e 1983; Salão Carioca, Rio de Janeiro, várias edições entre 1077 (prêmio de aquisição) e 1982 (premiada); Salão Nacional de Artes Plásticas, 1978; Mostra de Gravura Cidade de Curitiba, 1979 (premiada); Oficina de Gravura da Tijuca, 10° Ano, na Sala Candido Portinari da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e na Galeria de Arte do Sesc de Nova Iguaçú, Teresópolis, Petrópolis e Barra Mansa, em 1994; Rio Gravura Moderna Brasileira; Acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA,  Rio de Janeiro, 1999.

 Gravura Arte Brasileira do Século XX  - Itaú Cultural - Organizadores:  Leon Kossovitch e Mayra Laudanna  Pag 142

Eu mesma, nascida numa família de elite, tinha como espelho meus pais, donos de uma consciência política invejável. [...] O questionamento dos valores da vida era colocado à mesa todo dia, discutíamos esses valores.  Era muito natural, então que sendo uma pessoa sensível, apaixonada pelo desenho e pela pintura, me deixasse envolver com as questões da favela vizinha a minha casa [...]

Foi em 1966 que veio a proibição de continuar utilizando o espaço das favelas para questionar coisas.  Então de desliguei. [...] Fui para São Paulo, trabalhar na Escola Antroposófica.  Voltei, fui dar aulas na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues e Noêmia Varella.

Mas o fato de ter trabalho com os jovens favelados, mexeu muito com a minha cabeça.  Eu via todas as pessoas irem fazer faculdade, levando adiante os estudos e tal, eu só me animava a desenhar e pintar. [...] Fiz vestibular para serviço social, uma coisa interessante...Cheguei a passar para a faculdade e não suportei. [...]  Como eu gostava de tocar flauta na mata, isto é, tinha tanto prazer com isso como pintar e desenhar, surgiu a possibilidade de eu ir dar aulas numa escola em São Paulo, na Rudof Steiner.  Lá, eu dava aulas de arte para as crianças no período da manhã e recebia aula de pintura à tarde.  Fiz escultura, mexi com minha voz, aperfeiçoei a flauta, aprendi tapeçaria, carpintaria e xilo. [...]  Quando voltei, fui imediatamente dar aulas na Escolinha de Arte do Brasil e fazer xilogravura com José Altino.

Tive umas aulas de desenho com Abelardo Zaluar e imprimi na casa da Edith Behring todos os sábados durante um ano.

Essa experiência foi fantástica: ela precisava, por causa da idade avançada, de um impressor que fosse calmo e não a perturbasse.  Minha gravura é muito minuciosa, sou “alta estação” e, ao mesmo tempo, profundamente concentrada. [...] A cada sábado, ela me dava chapas diferentes para imprimir e eu aprendia muito.  Terminei recebendo um senhor curso de gravura! [...] 

Sempre usei duzentas mil ferramentas.  De ácido, só o percloreto, com a chapa virada para baixo para dar certos efeitos.  E ninguém pode mexer, senão não dá a renda lindíssima na textura da chapa.  Na escolinha eles diziam que aquilo precisava de paciência chinesa.  Isso pode ser fruto da meditação, pois eu já fazia meditação antes de fazer gravura. [...] Para mim, análise, arte e meditação têm muita coisa em comum. [...]

De repente, começaram a surgir figuras humanas, sempre ligadas a algum centro.  Os labirintos desapareceram, surgiram no lugar deles as figuras em busca de um centro e depois começaram a vir bichos que iam para algum centro também.  Eram uns pavões bem elegantes e todos cheios de penugem. [...]  Eram pássaros imensos, todos cheios.  Sempre havia centros em volta e esses centros se tornaram centro mesmo.  Depois eles se tornaram sóis e luas.  Eu tinha gravuras Sol Negro, Sol Vermelho, Sol Amarelo. [...] Os bichos começaram a ficar quase sem plumagens e as plumagens se transferindo para galhos que surgiam interferindo com os bichos.  Esses bichos continuaram, desapareceram todos os galhos, ficaram sozinhos e ficaram os sóis sozinhos.  Comecei a trabalhar nos sóis que apareceram em céus. [...] Esses sóis se expandiram no espaço.  Falei da morte da América Latina, com suas divisões, dilaceramentos e incomunicabilidade, quase todos os países chorando o sofrimento de seus povos sob o domínio da ganância do poder, tendo o sol como símbolo de vida e de esperança. [...]

                                                    *Heloisa Pires Ferreira ; Retirado do volume III                                                            Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos Sesc/Tijuca                                                                        22 de agosto de 1986 e 2 de agosto de 1997                

     

                                 Livro:

 

        Gravura Arte Brasileira Século XX 

     co-edição  Cosac & Naify - Itaú Cultural

       Leon Kossovits e  Mayra Laudanna  

           Ricardo Resende       São Paulo

     apresentação Ricardo Ribenboim  - 270p

          Cosac &Naify/Itaú Cultural, 2000

                                       


 86 expositores



 

 

Leon Kossovitch e 

Mayra Laudanna*                                   

Gravura  século XX

  PÁG 22

Admirável, a gravura de Heloisa Pires Ferreira: do gênero alto, epiríco, ela acolhe a duplicidade que, habitualmente formulada como oposição, pertence contudo a uma única vidência.

Para lá da divisão entre o cósmico e o político, a intermetalização: descrevendo o sol que se metamorfoseia em cores e seres, Heloisa exibe a multiplicidade devinda como anelante de unificação não da unidade de que procedeu, mas da que está por vir.  Sóis, luas, pavões,  ramagens,  que devem,  ora como agregações, ora como metamorfoses, são efeitos, metaforicamente,  da expansão  e retração cósmicas, irisando-se, a um tempo, metafísica e moralmente.  O Múltiplo anseia pelo Um como Múltiplo não é, porém, obra do ódio ou da injustiça, mas devir, devir do próprio amor, enquanto provindo de muitas faces, que, do sensível, contempla o perfeito semblante de Um.  O discurso cósmico é imediatamente político como alegoria do que Heloisa Pires Ferreira denuncia na América Latina, o ódio, a injustiça,  que produzem uma unificação  sádica,  exemplar na canalha chafurdante, mas não menos uma divisão perversa, operada pela mesma canalha do Bocaça nativo,  porque aí,  sem medida.  O que se propõe na alegoria e na gravura que delicadamente expõe os aspectos da metamorfose é o desejo em conflito com a violência: em Heloisa, a estética e a moral cruzam-se na gravura, contemplativas e ativas a um só tempo.

                                                        *Leon Kossovitch, Professor Doutor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP e                                                                 Mayra Laudanna, Professora Doutora de Teoria da Gravura, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, IEB – USP. 

                                                 Exposição Itaú Cultural e texto do livro “Arte Brasileira do Século XX” – Itaú Cultural – 2000 –  São Paulo, SP.   


 

 

 

 

 


 

 

Apresentação Gravura Século XX

Leon Kossovitch e 

Mayra Laudanna*

da página 3 à página 34 




        Pg 142 e 143 Gravura Arte Brasileira  Século XX





 

Vania Pinheiro Chaves é Professora de Literatura Brasileira na Universidade de Lisboa

     de sua autoria

"O Despertar do Gênio Brasileiro" publicado pela  Universidade de Campinas, SP em 2000 

Ilustração da capa: gravura a buril de Heloisa Pires Ferreira


Vania Chaves em 2000 em Lisboa

 

 


Em 2000 Heloisa participa de vários encontros sobe bordado criador , entre eles no The Women's Club Of Rio de Janeiro


Em 2000, 2001, 2002 como em outros anos, Heloisa participa da comissão do  Estadão Cultura para eleger os Vencedores do Prêmio Multicultural Estadão 2000
 
 
 
 
 


 

                                                           

 
Bienal do Livro - Convite
 Estação da Letras











 




 





 









 






 














 


 

 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

1999 - Painel da Paz de Heloisa Pires Ferreira - 1,60 x 4,40cm - Usina da Cidadania - Manguinhos, RJ - Mostra Rio de Gravura - Catálogo no Museu Nacional de Belas Artes - Mirian de Carvalho apresenta Heloisa Pires Ferreira - Exlibres Antonoio Carlos Rocha em 1999 - Arte de Portas Aberta em Santa Teresa e Moção na Câmara Municipal do RJ - Palestras: a "Poética do Papel" com Mirian de Carvalho, Heloisa Pires Ferreira e Vicente de Pércia - Divulgação do curso de Gravura em Metal na Oficina de Gravura Sesc Tijuca e produção do Filme Gravando por Sonia Garcia aonde poderão assistir

Projeto: Painel da Paz de Heloisa Pires Ferreira em 1999
 

Heloisa Pires Ferreira *

 

          PAZ E VIDA 

 

No centro está o sol.  O sol ilumina ávida.  A vida é o próprio universo-(multi)verso. Ecossistema onde estão envolvidas formas diversas, poéticas de vida.  De ser, do Ser.

          Em torno, no espaço infinito cintilam-flutuam estrelas, formas múltiplas geometrizadas.  Pedras preciosas, planos e dimensões da existência.

          Cada forma de vida, por mais simples que seja, é uma pedra-estrela, que precisa brilhar para iluminar a si mesma e aos demais em uma interdependência cósmica.

          Em cada lado, pássaros esvoaçam plumagens, penugens, sugerindo alegria, felicidade, paz.  Dois pássaros, os dois lados de todos nós.  O lado interior e o lado exterior.

Vento, sopro, respiração. Ar puro 

*Painel da Paz, Usina da Cidadania, 1,60 x 4,40cm, 1999.

 

Heloisa em 1999 -  ano da  produção do filme Gravando por Sonia Garcia aonde temos a oportunidade de ter acesso ao panorama da Gravura Brasileira   

https://youtu.be/PZi3YhT1FvE
 

Foto: Regina Horta

 

Contrato assinado por Heloisa Pires Ferreira, Isa Aderne, Belmira Carvalho e  Angela Schilling para trabalharem trabalham seus respectivos painéis

    Fotos dos 4 painéis medindo 1,60 x 4,40 cm cada um.

 
Heloisa em  1999 participa da Mostra Rio de Gravura
com a gravura em metal Sol Bistre - 17/40 - 1988 - 0,13 x 0,20 - acervo do Museu Nacional de Belas Artes
 
Gravura Moderna Brasileira
 
pág 96
 

                                                            *Mirian de Carvalho                                                                                  

“Na mais alquímica das artes – a mão trabalha um sonho e em vigília. A imagem na gravura é a fusão do sonho e da vigília a ultrapassar, poeticamente , os motivos “abstratos” e “figurativos” do cotidiano e da natureza (...)  Em tal ultrapassagem nada é abstrato porque a matéria adquire vida sensível.  Nada é cópia porque a arte instaura uma nova realidade, um novo ser. Toda ave, toda imagem foi e é uma curva, um sol – que é e foi um olho, uma folha, uma lua, uma nova imagem. Cada uma dessas imagens é um conjunto: desenho, gravação, espelho.

Sonho de imagens, vigília de imagens, elas fogem de dentro

 De seu próprio centro.  Surge do primeiro traço na matéria, e onde jorram centrífugas, de onde se lançam a outra margem que as complementa no rastro das aves e dos astros.”

*Mirian de Carvalho - Associação Internacional de Críticos de ArteApresentação no Catálogo da Mostra Rio de Gravura no Museu Nacional de Belas Artes, em 1999.

 Catálogo do Museu Nacional de Belas Artes em 1999 

  Gravura Moderna Brasileira


 Sol Bistre - 1988 - 0,13 x 0,20 Gravura em metal - buril 
Exlibres Antonio Carlos Rocha, em 1999
 


 
 1999 - Participação de Heloisa no Arte de Portas Abertas em Santa teresa . 
Rua Monte Alegre, 340                                                  
Gravuras penduradas em sacos    plásticos, em molduras ou sobre a cômoda


Exposição: "Quatro Enfoques da Gravura" na Câmara Municipal do RJ - Salão Ary Barroso em 1999
Em 1999 Heloisa Pires Ferreira recebe votos de Congratulações pela sua lota em favor das Artes Brasileiras 
 
                    Chico Aguiar *

MOÇÃO    

Solicito à Mesa Diretora, na forma regional, seja registrado na Ata dos Trabalhos desta Casa de Leis nosso Voto de Congratulação a Heloisa Pires Ferreira – Gravura em Metal - Heloisa  Pires Ferreira é Teresopolitana e assessorou a equipe de Arquitetura e Engenheria na montagem da Oficina de Gravura do Sesc Tijuca.

          Orientadora dos trabalhos de gravura comemorou os quinze anos da Oficina com o lançamento de seu baralho “Arcanos na Gravura”.

          Obteve inúmeros prêmios, inclusive bolsa de viagem do Instituto Calouste Gulbenkian, em Portugal.

          Participou de várias exposições coletivas e individuais  no Brasil e no exterior, e coordenou um importante livro de gravuras (3 volumes) editado pelo Sesc, como título GRAVURA BRASILEIRA HOJE DEPOIMENTOS.

          É citada em muitas Publicações e Dicionários.

          Pela sua luta em favor das Artes Brasileiras, Heloisa Pires Ferreira é merecedora das nossas homenagens.

Parabéns 

Plenária Teotònio Vilela, setembro de 1999. *Chico Aguiar - vereador Câmara Municipal do RJ

1999 - Palestras, a "Poética do Papel" com Mirian de Carvalho (critica e arte), "O Percurso de Heloisa Pires Ferreira até a gravura em metal" com Heloisa Pires Ferreira (artista plástica), mediador Vicente de Pércia (crítico de arte).
 


 Divulgação do Curso de gravura em metal na Oficina de Gravura Sesc da Tijuca em 1999.

 

Ilustração no Jornal Sesc-Rio gravura de Heloisa


Cartaz de divulgação do curso de Gravura em Metal na Oficina de Gravura Sesc Tijuca em 1999 

 

Ilustração: Gravur

 

a em metal de Heloisa