Baralho Esotérico
Arcanos na Gravura
Espaço Cultural Crea-RJ
Salão Verde
1 a 12 de novembro de 2000
Rua Buenos Aires, 40/11°
Centro, Rio de Janeiro
Doação a Biblioteca Nacional da
série de vinte e três gravuras de autoria de diferentes gravadores,
intitulada Arcanos na Gravura e mais a capa da referida série, de
autoria de Heloisa Pires Ferreira
"Precisamos
usar de toda arte altiva, flutuante, pueril e bem aventurada para não
perder aquela liberdade sobre as coisas que o nosso ideal exige de nós."
Nietzsch, em a Gala Ciência.
A
proposta não foi representar os arcanos, reproduzindo suas
características mais frequentes nos diversos baralhos do Tarô. O que se
pretendeu foi que, a partir destas, cada gravador desse asas à sua
fantasia, exercesse seu domínio da técnica, empenhasse sua
criatividade numa abordagem sensível do tema.
Nesse
conjunto de trabalhos importa bem menos uma abordagem sisuda ao baralho
esotérico que uma apropriação prazerosa, talvez mesmo uma transgressão
onde o timbre de cada artista se faça sentir do modo mais pessoal. O
Tarô aqui é um eixo - ou até, em torno do qual gravitam essas tantas
dicções que vão do despojado ao precioso.
Num
primeiro momento o olhar é surpreendido pelo fato de que, elas possam
conviver desse modo harmonioso e interagente. Num desdobramento desse
instante inicial, nossa percepção capta algo que está mais próximo do
cerne, da razão mesma de ser desse conjunto: é que aqui, nessa
multiplicidade de estilos onde se contrapõem alguns amadurecidos e
outros que promissoramente despontam, ligados apenas pelo denominador
comum de uma instigante ludicidade, metaforiza-se o próprio Tarô, também
ele uno em seu fragmentário.
Fragmentário
na diversidade dos baralhos, cada um deles guardando as marcas da
vertente esotérica de que se originou, ou aquelas outras do mundo
esotérico dos desenhistas, pintores e gravadores de cada uma das
sociedades em que floresceu.
Ou
ainda na diversidade das atribuições simbólicas que , desta para aquela
escola ou de uma para outras latitudes culturais, sua história
registra. Como também na mimese por que se veio reinventando face cada
cultura em que sua prática se desenvolve, visando contornar
intolerâncias ou sincronizar mitologias aí vigentes.
Multivoco
também na atenuação ou na enfatização da carga significativa de cada
carta em relação de suas vizinhanças, proximidades ou precedências em
cada abertura. Como ainda multivoco nas respostas que a mesma carta
poderá oferecer, segundo as nuances da indagação pragmática ou
aprofundamento
iniciático do consulente.
Tudo
o que um observador mais superficial poderá ver nele como ambiguidade
ou incoerência e que , para as mentes libertas de ideias feitas, o
tornarão fascinante em sua maleabilidade de jogo.
Tudo
isso aqui, encontra a sua metonímia no saudável desencontro formal
dessa linguagens artísticas, seja em seus diferentes graus de domínios
dos códigos da gravura, seja nas diferentes direções para que essas
insipiências, ou maestrias se voltam enquanto escolhas estéticas.
Paralelo
a todos aqueles climas por que o Tarô se veio mimetizando em
metamorfoses ou multipartindo em sucessivas reinpretações, corre um
poderoso rio subterrâneo: o de sua permanência.
Também
aqui, na ludicidade desses intérpretes, que o abordam em
descompromissada licença poética, a Arte como o Tarô, reencena o
delicado mistério de sua permanência, também ela um rio subterrâneo
correndo desde sempre sob as indagações dos homens, na irredutível
polifonia de suas atormentadas vozes.
* Ruy Sampaio membro da Associação Brasileira e Críticos de Arte.
Arcanos na Gravura se trata do Baralho Esotérico trabalhadas na Oficina de Gravura Sesc Tijuca, em 1999 em 23 xilogravuras
medindo 0,15 x 0,10
Arcanos Gravura
Termos de Doação da xilogravura Gravura Arcanos ao Museu Nacional de Belas Artes
Fênix
Heloisa Pires Ferreira
Termos de Doação da xilogravura Gravura Arcanos ao Museu Nacional de Belas Artes
Fênix
Poema de Mirian de Carvalho dedicado a gravura Fenix de Heloisa Pires Ferreira
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