quarta-feira, 21 de abril de 2021

1980 - Artigo de 17/11/2016 - Fazendo Gravuras no Rossio em Lisboa - Texto de Antonio Carlos Rocha, e comentório de Moacir Pimentel - publicados Blogger "Conversas de Mano" e outros acervo de gravuras de Heloisa Pirs Ferreira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa -

Gestação: 0,38x0,40. Litografia trabalhada na " Gravura " - Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, em 1980.     Foto: Henri Stahl     Doadas em 1980:1/20 a 5/20



Fazendo Gravuras no Rossio*

Antonio Rocha 

A gravura abaixo é de Heloisa Pires Ferreira, o título diz “Gestação” e é fácil identificar uma pássara grávida, em uma vista d´olhos, como dizem os queridos portugueses.

Rossio é ali, bem no centro da capital lisboeta. Morávamos em um bairro chamado Anjos e então geramos nossa “anjinha” que hoje mora em Madrid e nos presenteou, juntamente com o nosso genro, outra “anjinha” que em janeiro próximo completa dois anos. 

Ficava no Rossio, em 1980, a Cooperativa de Gravadores Portugueses, e Heloisa, “bolseira = bolsista” da Fundação Calouste Gulbenkian.

Se aprofundarmos a vista d´olhos veremos que a grande barriga da pássara é formada por outro pássaro, eu, e no centro, um pólo gerador de energia, um disco como se fosse uma usina, uma esfera indicando um chacra. Os centros de força esotérica do corpo humano e também no corpo espiritual. 

Em dia abençoado, fomos visitar um templo budista tibetano em Lisboa. Um dos rituais, a pessoa se joga ao chão para reverenciar o Buda (o Mestre), o Darma (a doutrina) e a Sanga (os discípulos leigos e monásticos). Heloisa não teve dúvidas e com o barrigão se jogou no chão e fez as três reverências. Eu fiquei preocupadíssimo e ela feliz da vida.

É uma litogravura, feita em pedra. Destaca-se também o olho da pássara, contemplando/sentindo o marido e a filha no ventre. Uma ode ao nascer ! À continuação da vida que é infinita, não para, nunca termina e por isso mesmo, bonita e misteriosa. 

A foto é do saudoso amigo, já falecido, Henri Stahl, um romeno, quando jovem, na época da segunda guerra mundial, conseguiu fugir de lá, entrou em um navio e veio parar em Recife. Adotou Pernambuco como sua terra natal !

O irmão de Henri, ficou em Paris e por lá sobreviveu, depois tornando-se funcionário da ONU.

Fotógrafo e cinegrafista free lancer, certa feita Henri embrenhou-se na Floresta Amazônica, e em plena hiléia descobriu umas formações rochosas com algumas inscrições estranhas que nenhum cientista conhecia.

Mostrou para a UFPA – Universidade Federal do Pará e todos diziam não saber do que se tratava.

Através do irmão, em Paris, um canal de TV francês comprou o seu documentário.

Era vizinho nosso, aqui em Santa Teresa, Rio Janeiro.

Era a época do livro “Eram os Deuses Astronautas”, grande sucesso editorial em todo o mundo. Será que ETs andaram pela Selva Amazônica e deixaram lá suas marcas? É bem possível. O que ninguém sabia explicar era como, no solo arenoso e aquático da Bacia Amazônica surgem rochas e inscrições estranhíssimas.

Voltemos à Litogravura: Heloisa tem também muitas gravuras em metal; poucas na madeira, xilogravura. Pinturas em tecido e papel e desde sempre tem se dedicado à arte de bordar, bordando painéiamente tem se dedicado a arte de bordar, bordando painriosa.s disca como se fosse um chacra. s, panos, nos lembra as milenares tapeceiras do Oriente.

A cor marrom lembra o barro, a terra, a vida. Água barrenta, saborosa dos filtros de antigamente.

Depois fomos morar em Parede, no caminho de Estoril. Quando identificavam que nós éramos brasileiros eles nos paravam nas ruas e perguntavam:

- Ó pá ! O que é “grilado” ?

Era a época da telenovela global “Dancin Days”, fazendo sucesso na RTP – Rádio e Televisão Portuguesa, e os personagens utilizavam muito a gíria carioca.

 

 1980 - Heloisa e Antonio na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses - GRAVURA.

http://conversasdomano.blogspot.com.br                     17/11/2016

Moacir Pimentel    17/11/2016 20:21
 
Vizinho, para mim os pássaros da Heloísa não são novidade faz tempo, pois como você tardava a nos apresentar o trabalho dela, eu fui conhecer lá no Google. E gostei muito do que vi. Li "Gestação" Na primeira vista d' olhos a cor, que não é marrom nem vermelho mas do tom da vida, do barro com o qual , em momento perdido na noite dos tempos -com uma mãozinha dos elementos - as nossas sinapses começaram a dominar a matéria. Em seguida , vi o ventre grávido e pensei que você fosse a asa dessa criatura alada, abraçando e protegendo um cosmos, um ovo primordial no qual a vida se multiplicava. Aí me lembrei de um poeta : "Se quer mesmo que lhe diga/ É difícil defender/Só com palavras, a vida".
E é por isso que as gravuras e as telas e as esculturas e a música, e as instalações - algumas doidas de pedra ! - são feitas desde as cavernas. Aí continuei lendo e passei pelo Rossio, tomei um café no Nicola, pelos Anjos, por Paredes, pelo Estoril - ah! o Bacalhau Espiritual da Cozinha Velha! E olhei de relance os jardins do Museu Gulbenkian- Lalique vai ter que esperar por minha mulher mais algumas semanas! - e descobri você gravidíssimo lá no que imaginei que fosse a asa da Heloísa. E de repente - Fiat Lux! - vi um Ninho! E continuo vendo e é neles, nos ninhos que fazemos, nas artes que aprontamos , nos nossos benditos atos criativos que a vida se perpetua. Eram os Deuses Astronautas? , aí já é sacanagem! Desde os treze anos o autor me convenceu que é uma idiotia sem tamanho supor que, no universo , estejamos sozinhos e viva as inscrições de qualquer tipo! Hello, strangers! Quando cheguei lá em baixo e li sobre filtro de barro, fiquei morrendo de sede, mas daquela água barrenta das cacimbas naquelas caneca de ágata com as beiradas lascadas. Quando li RTP- @#$%&! - viramos cumpadres, pá! se bem que assistimos a SIC.
Um grande post esse seu!
Abração

* Publicado originalmente no blog "Conversas do Mano", na data acima, sobre o artigo de Antonio Carlos Rocha a respeito da gravura "Gestação" de Heloisa.

*Heloisa frequenta o atelier de Litogravura na GRAVURA - Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses, sob orientação Professor Humberto Marçal,  em 1980.


 Heloisa com Elmar de Oliveira na Cooperativa de Gravadores Portugueses, em Lisboa 



 

 

 

As 5 primeiras gravuras da tiragem de 20, foram doadas para a 

Fundação Calouste Gulbenkiam 

Pássaro Rei - tiragem  PA3/10 - Gravura em metal: buril - 1980 - 0,10 x 0,10cm

Foto: Henri Stahl     


1980 - Heloisa gravando na GRAVURA - Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses com Elmar Oliveira .


 Ca
beça Laranja - tiragem  PA 3/10 - Gravura em metal: buril - 1980 - 0,10 x 0,10cm

Foto: Henri Stahl    

                               

  Outras gravuras doadas posteriormente:

Exu - Gravura em metal: Buril e ponta seca - 2002  0,30x0,30   PE acervo Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa    Foto: Rubber Seabra

Amazonas - Gravura em metal: Burila e água tinta - 1995 - 021x o,24 - 6/30 acervo da Fundação Calouste Gulbenkian - Portugal -   Foto: Henri Stahl

Paraná: Gravura em metal: `águas tinta e forte - 1994 - 018x0,24  - 08/40 acervo da Fundação Calouste Gulbenkian- Lisboa, Portugal    Foto: Henri Stahl                                                                                                                
Pássaro Vermelho - 15/30 - Gravura em metal: Buril e ponta seca - 1979 - 0,20x0,30 -  Foto: Henri Stahl          

Sem Título ( azul) 07/30 - Gravura em metal: Buril  - 1979 - 0,20x0,30                            Foto: Henri Stahl

Nenhum comentário:

Postar um comentário