Foto: Heloisa trabalhando na Oficina de Gravura Sesc Tijuca em 1991.
Antonio Carlos Rocha
"A gravadora Heloisa Pires Ferreira durante dezesseis
anos, de 1983 a
1999 coordenou a Oficina de Gravura do SESC Tijuca, no Rio de Janeiro, RJ. Foi
ela que assessorou os arquitetos e instalou o espaço desde os primeiros
momentos. Aulas diárias de domingo a domingo onde muitos ali aprenderam,
aprimoraram, aperfeiçoaram a arte da gravura.
Nesse período Heloisa coordenou com o apoio de uma
equipe especializada os três volumes que compõem a obra monumental “Gravura
Brasileira Hoje – Depoimentos”. Em três volumes, atualmente esgotados e
dificílimo de encontrar.
Formato álbum, tipo revistas semanais, o primeiro
volume entrevistou os artistas: Anna Letycia, Antonio Grosso, Carlos Scliar,
Dionísio Del Santo, Edith Behring e Marília Rodrigues, importantes nomes nesse
campo das artes plásticas. São 148 páginas com muitas fotos coloridas e preto e
branco.
O segundo volume abrangeu os gravuristas: Adir
Botelho, Anna Carolina, Darel Valença Lins, Isa Aderne, José Altino, José Lima,
Newton Cavalcanti, Orlando Dasilva, Thereza Miranda. Total de 196 páginas, da
mesma forma, várias fotos coloridas e preto e branco.
O terceiro volume colheu depoimentos de: Anna Bella
Geiger, Emanoel Araújo, Fayga Ostrower, Frans Krajcberg, Heloisa Pires
Ferreira, Livio Abramo, Roberto Magalhães, Rossini Perez. Fechando o ciclo 192
páginas e como das outras vezes diversas fotos coloridas e preto e branco.
Vejamos um trecho do depoimento da Heloisa:“Tive umas aulas
antes com o Abelardo Zaluar, e imprimi na casa da Edith Behring todos os
sábados durante um ano.
"Essa
experiência foi fantástica: ela precisava, por causa da idade avançada, de um
impressor que fosse calmo e não a perturbasse. Minha gravura é muito minuciosa,
sou “alta estação” e, ao mesmo tempo, profundamente concentrada. Fui até a
Edith tímida, me sentindo uma titica diante de um gênio! E pensava: “O que é
que eu vou fazer na casa da Edith se odeio imprimir!” Mas sempre questionávamos
a parte técnica da gravura dela e terminei sendo contratada. A cada sábado, ela
me dava chapas diferentes para imprimir e eu aprendia muito. Terminei recebendo
um senhor curso de gravura!“Mais tarde
passei a conviver, na Gravura Brasileira, com Anna Letycia. Vendi várias
tiragens para a Gravura Brasileira. A Anna tinha acabado de montar a oficina de
gravura do Ingá (Niterói) e Mário Dóglio ia para lá. Foi nesta ocasião que
resolvi estudar com ele - o Mario dirigiu o setor de gravação, me parece,
durante trinta anos na Casa da Moeda. Toda terça-feira, de fevereiro até
outubro de 78 tive aulas com ele”.
A gênese do projeto esteve a cargo de Adamastor Camará,
professor doutor em História, docente da Universidade Federal do Acre,
participou de todas as entrevistas nos três tomos. Infelizmente, antes de
lançarem o primeiro volume ele faleceu. A trilogia foi então encerrada pela
professora doutora Maria Luisa Luz Távora, do IFCS – Instituto de Filosofia e
Ciências Sociais da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O volume de abertura da série tem apresentação de
Mário Barata, Professor Emérito de História da Arte, na UFRJ e Membro do
Conselho Diretor da Associação Internacional de Críticos de Arte, sede em
Paris. Diz ele:
“A arte da Gravura possui uma especificidade de
beleza e atração estética que pode fazer dela um valor em si mesmo. Não é uma
irmã pobre de artes maiores, pois se trata de um mundo quase à parte, capaz de
suscitar paixões singulares em colecionadores e apreciadores, independentemente
do seu custo e da fortuna dos que sofrem o seu fascínio. Paralelamente existe
nessa arte um cunho democrático pela sua multiplicidade de exemplares, mas não
é deste cunho que resultam a sua essência e valia próprias, como arte. O ver e
sentir o papel trabalhado com imagens é um amor peculiar, entre os diversos
interesses que podem ter os seres humanos, amor que também existe no ofício de
gravar. Daí as sábias decisões do SESC levando aos seus centros de lazer,
oficinas e livros da especialidade”.
No segundo volume a apresentação esteve a cargo de
Geraldo Edson de Andrade, crítico de arte durante décadas do jornal O Globo, e
professor de História da Arte na Escola Superior de Desenho Industrial, UERJ –
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vejamos:
“Este segundo volume de entrevistas com gravadores,
realizados no SESC Tijuca nos anos 80, como o anterior; registra a formação
técnica e profissional de nove artistas já integrados à arte brasileira. Aqui
se fala da árdua luta do aprendizado e das alegrias que a gravura lhes
proporcionou; narrando sobretudo a paixão que a arte gravada lhes inspira e o
ofício de ensinar, desde os primeiros riscos à impressão, sem esquecer a
sensação tátil de lidar com papéis, lamentavelmente um material pouco
valorizado no Brasil, ainda mais por ser a gravura um múltiplo e não uma obra
única, como a pintura (...) são nomes conhecidos na história da nossa gravura.
Lendo o depoimento de cada um ficamos conhecendo não somente a sua
personalidade ou o seu perfil artístico mas a própria trajetória da gravura em
nosso país”.
Por fim, o terceiro volume tem mais um texto de
Mário Barata na apresentação. É obra basilar na área. "
Gravura Brasileira Hoje: depoimentos - I volume
Editoria: Oficina de Gravura Sesc Tijuca - 1995
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira
Projeto das capas do livro nos 3 volumes: Vera Roitman e Jenny Raschle
Anna Letycia
Antonio Grosso
Carlos Scliar
Dionísio Del Santo
Edith Behring
Marília Rodrigues
Paula Miller*
A
gravura do Brasil começa a contar sua história a partir de hoje, com o
lançamento, às 18h30m, no Sesc Tijuca, do livro **“Gravura Brasileira hoje –
depoimentos”. Uma compilação de
entrevistas de seis grandes nomes desta técnica no país, o livro foi composto
por uma equipe liderada pela coordenadora de artes do Sesc, Heloisa Pires Ferreira.
Começamos
a pensar em registrar a história da gravura no Brasil há 11 anos – diz Heloisa
– Por isso, já naquela época, o historiador Adamastor Câmara começou a fazer as
entrevistas. Com sua morte, no meio do
percurso, tivemos que parar mas, com a ajuda de uma equipe pudemos retomar o
trabalho.
Nomes
como Anna Letycia, Antonio Grosso, Carlos Scliar, Dionísio Del Santo, Edith
Behring e Marília Rodrigues – os artistas selecionados para o livro – são
fundamentais, segundo Heloisa, para contar a trajetória da gravura no Brasil.
__Os
artistas foram pensados em função da versatilidade de técnicas com que
trabalham – diz Heloisa, destacando a predominância da xilo e da gravura em
metal, entre essas técnicas.
__Um
dos pontos altos do livro são depoimentos de Edith Behring que, no fim da
década de 50, retorna ao Brasil, depois de uma temporada na Europa, para
organizar no MAM a oficina de gravura.
Também
hoje, no Sesc Tijuca, será inaugurada uma exposição com as obras de artistas
presentes no livro.
*O Globo - Rio Show - 1995
***Outros dois volumes, organizados pela mesma equipe, com entrevistas e ou gravadores, foram lançados, respectivamente em 1997.
Lançamento: 13 de setembro, 1995 na Galeria de Arte Sesc Tijuca
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira
Responsável pela gênese do projeto e entrevistas: Adamastor Camará
Reorientação do projeto inicial e sua concretização:
Maria Luisa luz Távora
Mario
Barata*
Publicações
do Sesc-RJ [...] Uma edição
especialmente da Oficina de Gravura do Sesc-Tijuca, será lançada no próximo
aniversário do Sesc, no País, ao iniciar-se o ano simbólico do cinquentenário,
que se comemorará de 1995 a
1996. Trata-se do Livro Gravura Brasileira Hoje/Depoimentos, com testemunhos
dos artistas Anna Letícia, Antonio Grosso, Carlos Scliar,, Dionísio Del Santo,
Edith Behing e Marília Rodrigues. Os responsáveis pelo inquérito – que abrangeu
também outros gravadores, que merecerão volumes à parte na sequência de
atividades culturais do importante órgão de serviço social no País – foram
diretamente os organizadores do livro, Heloisa Pires Ferreira
e Maria Lucia Luz Távora, unidas ao trabalho prévio de Adamastor Câmara, este
na gênese do projeto e nas entrevistas que fez, todos apoiados pela direção do
Sesc-Regional. Aliás a atividade de
oficinas de criatividade é expressamente prevista na área de cultura e lazer,
no campo de serviço social da entidade. O volume comemorará mais de 10 anos de
atuação da referida oficina de gravura, situada em centro de atividades na
tradicional Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro
*Mario
Barata, escritor e historiador. Jornal
do Commercio, 18/8/1995. Página A8
Geraldo
Edson de Andrade divulga na Tribuna da Imprensa em 21/09/86, pág 2, o
depoimento que Antonio Grosso dará na Oficina do Sesc sobre sua vida e
obra para o historiador Adamastor Camará: projeto " Gravura Hoje; depoimento" .
Divulgação
do lançamento do I volume do Livro Gravura Hoje: Depoimentos: jornais:
Sesc, Commercio, Tribuna da Imprensa, O Globo e Pres-release..
"Mestres
da Gravura no Sesc Tijuca" - No próximo dia 13/09/1995, o Sesc/Tijuca
será palco de um duplo evento: lançamento do livro:"Gravura Brasileira
Hoje: Depoimentos" e exposição de duas gravuras de cada um dos seis
artistas que participam do livro: Anna Letycia, Antonio Grosso, Carlos
Scliar, Dionísio Del Santo, Edith Berhing e Marília Rodrigues
...O
livro sobre gravura foi coordenado or Heloisa Pires Ferreira com
projeto e entrevistas iniciadas por Adamastor Camará e concluídos por
Maria Luiza Luz Távora. A introdução está a cargo de Mario Barata,
professor emérito de História da Arte da UFRJ. O livro traz depoimentos
de artistas sobre a sua formação e surgimento do interesse pela
gravura, a questão da reprodutibilidade da técnica gráfica, a polêmica
relação das técnicas com vanguardismo ou tradicionalismo da obra, ensino
de gravura e seu papel como difusor de linguagem e as relações com a crítica especializada. A obra relata, ainda , a
formação de gravadores na Oficina de Gravura do Sesc/Tijuca, a partir de
1983.

Claudia Miranda *
“Prima
pobre” das artes plásticas no Brasil, por ser feita em papel, a gravura ganha
importante destaque no campo literário com o lançamento...[...] Já “Gravura brasileira hoje – depoimentos”
conta a história da técnica através da experiência de importantes gravadores ,
como Anna Letycia, Antonio Grosso, Carlos Scliar, Dionísio Del Santo, Edith Behing
e Marília Rodrigues. “Existe uma carência de bibliografia sobre o assunto. Por
isso, resolvemos reunir pessoas cuja obra tem um papel fundamental para o
desenvolvimento dessa arte no país, Além
disso, esses artistas ajudaram na formação de novos gravadores”, depõe Heloisa
Pires Ferreira, coordenadora do livro e da Oficina de Gravura do Sesc Tijuca.
A
edição não só explica como se faz gravura, como também reúne as principais
obras dos artistas envolvidos com o projeto. “O livro é importante porque marca
os vários momentos da gravura brasileira. Enquanto a Anna Letycia, por exemplo,
fala da circulação das obras nas galerias, Edith Behing conta história da
oficina do Museu de Arte Moderna do Rio que nos anos 60 foi um polo
revolucionário da arte”, diz Heloisa, adiantando que no dia do lançamento da
edição no Sesc Tijuca será inaugurada uma exposição de gravuras.
*Tribuna
da Imprensa Tribuna Bis, página 2,
29/8/1995.

Gravura Brasileira Hoje: depoimentos - II volume
Editoria: Oficina de Gravura Sesc Tijuca - 1997
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira Adir Botelho Anna Carolina Darel Valença Lins
Isa Aderne José Altino
José Lima Newton Cavalcanti
Orlando Dasilva
Thereza Miranda

Lançamento: 04 de março, 1997
na Galeria de Arte Sesc Tijuca
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira
Responsável pela gênese do projeto e entrevistas: Adamastor Camará
Reorientação do projeto inicial e sua concretização
Maria Luisa Luz Távora
Divulgação
da exposição e do lançamento do II volume do livro Gravura Brasileira
Hoje: Depoimentos em 1997 na Galeria de Arte Sesc Tijuca.

Divulgação do lançamento do II volume
em maço de 1997
na
Galeria de Arte
Sesc Tijuca
Gravura Brasileira Hoje: depoimentos - III volumeEditoria: Oficina de Gravura Sesc Tijuca - 1997
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira
Anna Bella Geiger
Emanuel Araújo
Fayga Ostrower
Franz Krajcberg
Heloisa Pires Ferreira
Livio Abramo
Lotos Lobo
Roberto Magalhães
RossiniPerez
Lançamento: 26 de novembro, 1997 na Galeria de Arte Sesc Tijuca
Coordenação: Heloisa Pires Ferreira
Responsável pela gênese do projeto e entrevistas: Adamastor Camará
Reorientação do projeto inicial e sua concretização:
Maria Luisa Luz Távora
Heloisa Pires Ferreira*
Eu mesma, nascida numa família de elite,
tinha como espelho meus pais, donos de uma consciência política invejável.
[...] O questionamento dos valores da vida era colocado à mesa todo dia, discutíamos
esses valores. Era muito natural, então
que sendo uma pessoa sensível, apaixonada pelo desenho e pela pintura, me
deixasse envolver com as questões da favela vizinha a minha casa [...]
Foi em 1966 que veio a proibição de continuar
utilizando o espaço das favelas para questionar coisas. Então de desliguei. [...] Fui para São Paulo,
trabalhar na Escola Antroposófica.
Voltei, fui dar aulas na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto
Rodrigues e Noêmia Varella.
Mas o fato de ter trabalho com os jovens
favelados, mexeu muito com a minha cabeça.
Eu via todas as pessoas irem fazer faculdade, levando adiante os estudos
e tal, eu só me animava a desenhar e pintar. [...] Fiz vestibular para serviço
social, uma coisa interessante...Cheguei a passar para a faculdade e não
suportei. [...] Como eu gostava de tocar
flauta na mata, isto é, tinha tanto prazer com isso como pintar e desenhar,
surgiu a possibilidade de eu ir dar aulas numa escola em São Paulo, na Rudof
Steiner. Lá, eu dava aulas de arte para
as crianças no período da manhã e recebia aula de pintura à tarde. Fiz escultura, mexi com minha voz, aperfeiçoei
a flauta, aprendi tapeçaria, carpintaria e xilo. [...] Quando voltei, fui imediatamente dar aulas na
Escolinha de Arte do Brasil e fazer xilogravura com José Altino. Nesse tempo
trabalhei com Alberto Ribas, fazendo expressão corporal e teatro, usando o
corpo como base de expressão. [...] Até
que, conversando com Maria Rodrigues,
ela me disse: “Volte para a Escolinha para
fazer gravuras em
metal. Você vai encontrar o José Paixão, o José Altino, a
Cida Pimenta...” Todos eram meus amigos e, seguindo o conselho, mergulhei de
corpo e alma. Convivemos praticamente cinco anos. [...] Marília Rodrigues estava
sempre dando força, trazendo novidades quando voltava de seus cursos em
outros estados.
Tive umas aulas de desenho com Abelardo
Zaluar e imprimi na casa da Edith Behring todos os sábados durante um ano.
Essa experiência foi fantástica: ela
precisava, por causa da idade avançada, de um impressor que fosse calmo e não a
perturbasse. Minha gravura é muito
minuciosa, sou “alta estação” e, ao mesmo tempo, profundamente concentrada.
[...] A cada sábado, ela me dava chapas diferentes para imprimir e eu aprendia
muito. Terminei recebendo um senhor
curso de gravura! [...] Sempre usei
duzentas mil ferramentas. De ácido, só o
percloreto, com a chapa virada para baixo para dar certos efeitos. E ninguém pode mexer, senão não dá a renda
lindíssima na textura da chapa. Na
escolinha eles diziam que aquilo precisava de paciência chinesa. Isso pode ser fruto da meditação, pois eu já
fazia meditação antes de fazer gravura. [...] Para mim, análise, arte e
meditação têm muita coisa em comum. [...]
De repente, começaram a surgir figuras
humanas, sempre ligadas a algum centro.
Os labirintos desapareceram, surgiram no lugar deles as figuras em busca
de um centro e depois começaram a vir bichos que iam para algum centro
também. Eram uns pavões bem elegantes e
todos cheios de penugem. [...] Eram
pássaros imensos, todos cheios. Sempre
havia centros em volta e esses centros se tornaram centro mesmo. Depois eles se tornaram sóis e luas. Eu tinha gravuras Sol Negro, Sol Vermelho,
Sol Amarelo. [...] Os bichos começaram a ficar quase sem plumagens e as
plumagens se transferindo para galhos que surgiam interferindo com os
bichos. Esses bichos continuaram,
desapareceram todos os galhos, ficaram sozinhos e ficaram os sóis
sozinhos. Comecei a trabalhar nos sóis
que apareceram em céus. [...] Esses sóis se expandiram no espaço. Falei da morte da América Latina, com suas
divisões, dilaceramentos e incomunicabilidade, quase todos os países chorando o
sofrimento de seus povos sob o domínio da ganância do poder, tendo o sol como
símbolo de vida e de esperança. [...]
Ganhei a Bolsa de Viagem e Estudos para
Portugal, pela Fundação Calouste Gulbenkian. [...] Na verdade, o prêmio
significou muito mais a possibilidade de eu sair daqui, ir para Portugal, um
país recém-saído de cinqüenta anos de ditadura militar. Entendi muito
claramente o que seria a “cultura do silêncio”. Lá ninguém era capaz de dizer para
você “eu gosto disso” ou “não gosto disso” porque ninguém sabia para que lado a
coisa ia, ficavam atônitos, indecisos. [...]
Quando voltei da Europa, Ubiratan Corrêa**,
me procurou para a implantação da Oficina de Gravura Sesc Tijuca.
[...]
Por sermos do Terceiro Mundo – e comparando
nosso país à Europa, onde havia estão há pouco tempo - ,ficou bem claro para
mim o fato de não termos registrada uma história da gravura. Praticávamos a
cultura do silêncio; prestigiávamos os europeus, os norte-americanos.....
[...] Assim, quando Adamastor Câmara
[...] começou a entrevistar a série de gravadores atuantes no Brasil,fiquei
esperançosa de alcançar meu objetivo. Os encontros com os artistas sempre deram
ensejo a que passássemos à comunidade o interesse em conhecer o processo da
gravura. Promovemos exposições e convidamos a comunidade para encontrar os gravadores.
O orientador até pode encaminhar a
sensibilidade da pessoa que tem vontade e trabalhar com arte, mas o interesse
das pessoa em pesquisar, gostar e dedicar um tempo de sua vida para se
encontrar e depois poder falar das questões da sensibilidade, isto está fora do
alcance de qualquer professor. [...]
O aparente inútil do resultado em arte está
repleto de trabalho; escolha do material, das formas, das linhas e do sentido
que se quer dar. Esse planejamento
carregado de ideias não verbalizadas, mas sentidas, é que vai harmonizar o
indivíduo e faze-lo encontrar suas formas particulares de expressar esta
linguagem emocional.
O indivíduo só se harmonizará se trabalhar o
concreto dessa emoção. Mas isso escapa do professor, pertence exclusivamente à
condição do isolamento do homem consigo, independente do outro.
Nas oficinas coletivas, corre-se o perigo da
imitação e todos terem os trabalhos semelhantes, com o traço tornando-se a
marca do ateliê onde se trabalha , seja acadêmico ou contemporâneo.
Na verdade não se cria, apenas multiplica a
proposta do idealizador.
Trabalhar é bem diferente de repetir o
outro. Ao engajar-se numa linguagem
individual, particular e única o indivíduo começa a fazer parte da realização
concreta de jogar para os bloqueios que o impedem de raciocinar
livremente. Quanto mais ele se afasta do
pronto, do bonitinho, do enfeite, ele se tornará um ser pensante, cidadão do
mundo.
Mas, sempre é possível trabalhar
coletivamente quando se está consciente deste perigo e a criação seja o
objetivo principal
* Heloisa Pires Ferreira é entrevistada por Adamastor Camará
em 22/8/1986 e por Maria Luiz Luz Távora em 2/8/1997- Livro III - “Gravura Brasileira Hoje Depoimentos" - Sesc Tijuca, foi publicado em 1997.
** 1983
- Ubiratan Corrêa, diretor Regional do Sesc Rio

Nebulosa II Gravura em metal: 1997 0,39 x 0,30 Foto:Henri Stahl
participou da exposição


Mario Barata faz a apresentação da exposição
Relação das Gravuras dos expositores
na Galeria de Arte
Sesc Tijuca
Sol Negro - Heloisa Pires Ferreira
Gravura em metal: água tinta 1/10
1978 - 40 x 40cm
pág
Divulgação
da exposição e do lançamento do III volume do Livro Gravura Brasileira
Hoje: Depoimentos em 1997 na Galeria de Arte Sesc Tijuca.
O Projeto "Gravura Brasileira Hoje: Depoimentos " inicia em 1983 quando se projeta a Oficina.
Adamastor
Camará Ribeiro nos últimos domingos e segundas quartas-feiras de
todos os meses do ano de 1986, entrevista 24 gravadores que formaram
gerações de gravadores e marcaram com o seu fazer .
As entrevistas sempre dentro da Oficina de Gravura do Sesc Tijuca e com exposiçõoes dos entrevistados nos jardins da Oficina.
Com exceção da Geza Heller, que estava doente e que a gravação falhou, acabou não entrando no livro.
O Globo - Segundo Caderno - 29/06/1986
Carlos Scliar ao Vivo e em GravuraEntre
9 e 13h de hoje, estará sendo entrevistado por Adamastor Camará dentro
da Oficina de Gravura do Sesc Tijuca. Ao mesmo tempo estará expondo suas
gravuras nos jardins da Oficina.
René Valeriano com Heloisa em 1985. René foi professor de Monotipia na Oficina de Gravura Sesc Tijuca até 1987 e muito colaborou na organização das entrevistas com os gravadores.
Participando ativamente nos domingos e quartas-feiras no ano de 1976, quando as entrevistas aos 24 gravadores aconteciam na Oficina.
Isabel Oswald e Jorge Cerqueira frequentaram a Oficina de Gravura Sesc Tijuca
Fotos de gravura dos alunos de Isa Aderne que deu aulas de Xilogravuras na oficina de Gravura Sesc Tijuca de 1994 até 1999.
Isa Aderne em 1995 dando aulas de Xilogravura
Isa Aderne dando aula em 1998 na Oficina de Gravura Sesc Tijuca
Tiziana Bonazzola deu aulas de desenho na Oficina de Gravura em 1989
Sandra Chaves foi aluna de Tizziana Bonazzola na Oficina de Gravura Sesc Tijuca
Em 1996 Heloisa participa da Mesa Redonda na UERJ "A Matéria e a Criação Artística"
1995 - Cursos na Oficina de Gravura Sesc Tijuca
70 Anos de Arte em Santa Teresa
Centro Cultural Laurinda Santos Lobo
8 de outubro de 1996
"Foi impossível colocar todos os artistas no espaço do Centro Cultural que será totalmente ocupado. Parece que brota artista em Santa Teresa, provavelmente, a Secretaria Municipal de Cultura estenderá essa exposição e abrirá as portas do Laurinda, após o dia 13, para os outros artistas do bairro", diz Giovanna Moriconi curadora.
