Constelação: Gravura em metal: águas tinta e Xilogravura - 192 - 0,40 x 0,49 - Foto: Henri Stahl
Em exposição na Galeria de Arte Sesc Teresópolis do dia 7 ao dia 28 de maio, 1995
Mirian de Carvalho *
O artista de gravura é um pastor errante. Tem por tarefa reunir diante dos nossos olhos o seu rebanho em fuga
Na gravura – a mais alquímica das artes – a mão trabalha um sonho e em vigília. A mão é imageante, sonhadora. Sonha uma natureza expandida em novas imagens. Em vigília, realiza um mundo ao mesmo tempo uno e múltiplo: um cosmos em fuga reunido diante do nosso olhar.
Ao contemplar a gravura sonhamos no uno o múltiplo, na pluralidade a unidade: eis que se desvela o percurso da arte de gravar.
Para realizar tal metamorfose, ao longo dos seus “Vinte e Cinco Anos de Gravura”, Heloisa Pires Ferreira vem acumulando experiências de transmutação da matéria na xilogravura e na gravura em metal.
Algo as diferencia: a matéria. Algo as reúne: a imagística. A imagem na gravura é a fusão do sonho e da vigília a ultrapassar, poeticamente, os motivos “abstratos” e “figurativos” do cotidiano e da natureza.
Em tal ultrapassagem nada é abstrato porque a matéria adquire vida sensível. Nada é cópia porque a arte instaura uma nova realidade, um novo ser.
Nessa mostra, pedaços do planeta Terra são pássaros saídos de dentro do metal. Ganham liberdade de horizonte.
Outras aves aninham-se nas pranchas e no papel à procura de um ninho originário – ovo alquímico – ritmado e pulsante. Pulsa em cada imagem uma fuga de um ponto central em busca de algum outro centro.
No ninho originário – imagens impregnadas de ácido ou de celulose – tensos arcos, formas curvas são sóis e luas, cristais emergentes, traçados metálicos ou incisões vegetais. São formas que se dinamizam no uso e no múltiplo: na cumplicidade de um percurso a se distanciar de um centro fixo. As imagens insuflam novos vetores em vórtices de expansão.
Nesta errância, o Pedaço da América Azul é também a Bahia, é a terra do homem, um é o outro: dragão e pássaro.
Toada ave, toda imagem foi e é uma curva, um sol – que é e foi um olho, uma folha, uma lua, uma nova imagem.
Formas e cores inventadas, todas elas têm nervos, têm mãos a nos tocar ao serem contempladas. Cada uma destas imagens é o seu conjunto: desenho, gravação, espelho.
Nessa reunião de gravuras a chamaríamos “Os treze sóis complementares” conjugam-se todas as fases do trabalho da gravadora: xilo e metal, mão e matéria, sol e lua, noite e dia, pássaro e homem.
Sonho de imagem, vigília de imagem, elas fogem de dentro de seu próprio centro. Surge do primeiro traço na matéria de onde jorram centrífugas, de onde se lançam a outra margem que as complementam no rastro das aves e dos astros.
*Mirian de Carvalho,
professora de filosofia da UFRJ, poetiza e membro da Associação Internacional
de Críticos de Arte. Exposições nas Galerias de Arte dos Sesc Teresópolis, em
maio, Sesc Petrópolis em agosto e no Sesc Tijuca em novembro de 1995.
Folha de Teresópolis - 05/05/1995 - divulga a exposição "25 Anos de Gravura"
Nessa exposição Heloisa fala de seu espaço interior. Abstrações que levam a investigação do desconhecido
Divulga a Tribuna de Teresópolis
Gravura em metal exposta e divulgação da expo na Folha de Teresópolis
Gazeta de Teresópolis - A exposição leva o nome de "25 Anos de Gravura " e tem por temática a investigação do espaço interior do ser humano, a fusão do sonho e a vigília a ultrapassar, poeticamente, os motivos "abstratos" e "figurativos" do cotidiano e da natureza.
Divulgação nos jornais Diário de Petrópolis e Tribuna de Petrópolis da Individual na Galeria de Arte Sesc Petrópolis: 15 a 31 de agosto
Coletiva de Gravura da Oficina de Gravura do Sesc/Tijuca na Galeria de Arte Sesc Tijuca de 16 de maio a 7 de julho de 1995.
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